Gilead

“Gilead” é um romance no qual um pastor idoso — sabendo que não lhe resta muito tempo de vida — escreve uma longa carta para o seu filho (ainda criança). Ao longo da carta, ele rememora situações que viveu, trazendo diversas reflexões sobre sua vida, incluindo temas de fé e relações humanas em geral. O livro é muito bem escrito e, com justiça, venceu em 2005 o maior prêmio da literatura americana, o Pulitzer Prize.

Uma das reflexões do reverendo que me chamou a atenção foi a seguinte:

Há um padrão nesses mandamentos de separar coisas para que a sua santidade seja percebida. Todo dia é santo, mas o sábado é separado para que a santidade do tempo possa ser experimentada. Todo ser humano é digno de honra, mas a consciente disciplina da honra é aprendida desse separar pai e mãe, os quais normalmente estão cansados e sobrecarregados, e podem estar rabugentos, ou avarentos, ou ignorantes, ou autoritários.” (tradução livre)

De fato, o Novo Testamento tende a trazer essa “ampliação”:

  • No AT: honrar pai e mãe / No NT: honrar aos “outros” mais do que a si próprio (Rm 12:10);
  • No AT: dízimo / No NT: uma vida de generosidade (2 Co 9:6-8);
  • No AT: descansar no sábado / No NT: Cristo é nosso descanso todos os dias (Hb 4:9-10).

Achei significativa (e provocativa) essa ideia de experimentar o “macro” na prática ordinária do “micro”. Às vezes, usamos essa nossa incapacidade de fazer na dimensão máxima — ou, por todos — como desculpa, e acabamos não fazendo nem o pouco que está ao nosso alcance.

#bookreview  

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